Tecnologia chinesa levanta alerta global: você pode estar sendo vigiado?
Governos ocidentais voltam a soar o alarme, Tecnologia chinesa levanta suspeitas de vigilância global; entenda os riscos, os países envolvidos e as consequências para a segurança digital mundial.
TECNOLOGIA
Equipe Spark News
5/5/20255 min ler
A tecnologia chinesa sob vigilância internacional
Nos últimos anos, a tecnologia chinesa tornou-se peça central em uma disputa global por segurança e soberania digital. O avanço de empresas como Huawei, ZTE, TikTok, Dahua e Hikvision despertou uma onda de alertas em países ocidentais, principalmente nos Estados Unidos e na União Europeia, sobre os possíveis riscos de espionagem, coleta indevida de dados e controle geopolítico.
O debate, antes restrito a gabinetes governamentais, agora chega ao cidadão comum: será que nossos celulares, câmeras de segurança e até mesmo redes 5G estão sendo usados para nos vigiar?
O que motivou os alertas?
O principal argumento por trás dos alertas é a estreita ligação entre empresas chinesas de tecnologia e o governo da China. A legislação chinesa obriga empresas a cooperar com o governo em atividades de segurança nacional, o que inclui fornecer dados mediante solicitação, mesmo se coletados em outros países.
Em 2017, a Lei de Segurança Nacional da China foi atualizada para permitir que o Partido Comunista Chinês exija acesso a qualquer dado coletado por empresas chinesas, em qualquer lugar do mundo. Isso gerou preocupações de que:
Empresas estejam coletando dados sensíveis de usuários estrangeiros;
Dispositivos conectados possam atuar como canais de vigilância;
Plataformas de mídia, como o TikTok, influenciem comportamentos e discursos em escala global.
Casos emblemáticos
Huawei e o 5G
A Huawei, gigante das telecomunicações, foi banida de redes 5G em diversos países, como Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Canadá e Suécia. A justificativa? Temor de que a empresa pudesse usar sua infraestrutura para espionagem governamental chinesa.
Apesar de negar qualquer envolvimento com espionagem, a Huawei viu contratos cancelados, produtos retirados de prateleiras e licenças de operação revogadas em vários mercados.
TikTok sob investigação
O aplicativo TikTok, pertencente à chinesa ByteDance, enfrenta proibições em órgãos públicos nos EUA e em países da Europa. A alegação é de que os dados de milhões de usuários — incluindo localização, hábitos de consumo e interações — poderiam ser acessados pelo governo chinês.
Em 2024, o Congresso dos EUA aprovou uma lei que obriga a ByteDance a vender o TikTok ou encerrar suas operações no país, citando risco à segurança nacional.
Câmeras de segurança e reconhecimento facial
Empresas como Hikvision e Dahua, líderes globais em equipamentos de vigilância, também estão sob escrutínio. Muitos de seus dispositivos são usados em sistemas de reconhecimento facial e monitoramento urbano, e investigações apontam que esses equipamentos enviam dados para servidores na China.
Diversas cidades americanas e europeias decidiram proibir o uso dessas câmeras em espaços públicos, temendo que estivessem sendo utilizadas para fins de vigilância estatal.
O que dizem os especialistas?
Especialistas em cibersegurança afirmam que o problema não está apenas na origem da tecnologia, mas na forma como os dados são coletados, armazenados e compartilhados.
Segundo a analista de segurança digital Eva Galperin, da Electronic Frontier Foundation (EFF):
“A China tem um modelo de governança digital extremamente centralizado e autoritário. Se uma empresa está sediada lá, é difícil garantir que os dados não passem pelo crivo do Estado.”
Ainda assim, ela alerta que outras nações também praticam vigilância digital em larga escala, incluindo os EUA, com a NSA.
Quais países estão agindo?
Vários governos já tomaram medidas concretas contra o uso indiscriminado de tecnologia chinesa:
Estados Unidos: banimentos em órgãos federais, leis contra o TikTok e bloqueios à Huawei.
Reino Unido: retirada de equipamentos Huawei das redes 5G até 2027.
Alemanha: plano para substituição gradual de tecnologias de “alto risco”.
Índia: banimento de mais de 100 aplicativos chineses desde 2020.
Austrália: restrições em contratos públicos com empresas chinesas de tecnologia.
A União Europeia também estuda regulações mais rígidas para controle de dados e soberania tecnológica, incentivando o uso de provedores locais ou aliados confiáveis.
Empresas chinesas negam acusações
Por outro lado, as empresas chinesas envolvidas negam qualquer irregularidade. A Huawei, por exemplo, afirma que:
“Somos uma empresa privada, independente, sem vínculo direto com o governo chinês. Cumprimos as leis dos países onde operamos.”
O TikTok também lançou campanhas de transparência, abriu centros de dados na Europa e ofereceu auditorias de seus algoritmos, tentando aliviar as tensões com reguladores ocidentais.
No entanto, para muitos legisladores, essas ações ainda são insuficientes diante da possibilidade de interferência estatal por parte de Pequim.
O que isso significa para os usuários comuns?
Mesmo que os riscos de vigilância pareçam distantes, eles impactam diretamente o cotidiano. Veja como:
Dados pessoais podem ser usados para criar perfis comportamentais;
Dispositivos “inteligentes” (celulares, câmeras, assistentes de voz) podem ser explorados para coletar informações;
Aplicativos gratuitos podem ter custos ocultos — como o compartilhamento de dados com terceiros;
Privacidade digital está se tornando um bem escasso, especialmente em contextos autoritários.
Especialistas recomendam que usuários estejam atentos às permissões concedidas aos aplicativos, ao uso de redes seguras e que considerem alternativas de tecnologia com maior transparência e controle de dados.
A trama geopolítica por trás da tecnologia
A desconfiança em relação à tecnologia chinesa não ocorre no vácuo. Ela é reflexo de uma disputa geopolítica entre China e Estados Unidos, onde o controle da informação é mais valioso que o controle de território.
O domínio sobre infraestrutura digital — como redes 5G, cabos submarinos e plataformas sociais — pode definir os rumos da economia global e da soberania nacional nas próximas décadas.
Nesse contexto, empresas chinesas, ainda que privadas, acabam inseridas no tabuleiro geopolítico, sendo vistas como instrumentos potenciais da estratégia de influência da China.
Caminhos para o futuro
A crescente tensão levou à criação do conceito de “soberania digital”, que incentiva países a:
Desenvolver ou utilizar tecnologias próprias;
Estabelecer parcerias com países aliados;
Regular o fluxo transfronteiriço de dados;
Exigir transparência no uso de algoritmos e IA;
Criar leis de proteção de dados mais robustas (como a LGPD no Brasil e o GDPR na Europa).
Enquanto isso, usuários comuns precisarão cada vez mais questionar a origem da tecnologia que utilizam e avaliar os impactos de suas escolhas digitais.
Conclusão
O alerta global sobre a tecnologia chinesa reflete preocupações legítimas com privacidade, segurança e geopolítica, mas também evidencia um mundo cada vez mais interdependente e digitalmente vulnerável.
Você pode não perceber, mas a câmera da sua casa, o app de vídeos que você mais usa ou o roteador da sua internet podem ser peças-chave em uma trama global de dados, poder e vigilância.
Informar-se, questionar e buscar alternativas seguras são os primeiros passos para proteger sua privacidade em uma era de tecnologias invisíveis e influências silenciosas.
Foto de Annie Spratt no Unsplash
Leia também...
Notícias
Fique por dentro das últimas novidades tecnológicas, Ciência, Internet, Redes Sociais e Smartfone.
© 2025. All rights reserved.