Baterias Subaquáticas com Esferas de Concreto Podem Revolucionar o Armazenamento de Energia Renováve

Uma nova tecnologia está sendo testada na Califórnia e utiliza esferas de concreto submersas como baterias para armazenar energia renovável. Essa solução promete oferecer uma alternativa sustentável, eficiente e com baixo impacto ambiental ao armazenamento tradicional de energia.

TECNOLOGIA

Equipe Spark Tech

5/2/20254 min ler

Tecnologia Inovadora Usa Esferas de Concreto Como Baterias Subaquáticas Para Armazenar Energia Renovável

Em um momento em que o mundo busca alternativas mais limpas e sustentáveis para armazenar energia, uma nova tecnologia está chamando a atenção por sua inovação e potencial impacto positivo no meio ambiente. Cientistas e engenheiros estão testando um sistema que transforma esferas de concreto submersas em baterias de alta eficiência. O projeto está sendo desenvolvido e testado na costa da Califórnia e promete mudar significativamente a forma como armazenamos energia renovável, como a solar e a eólica.

Como funciona essa bateria subaquática?

A base da tecnologia está na física simples da gravidade e da pressão hidrostática. Esferas de concreto ocas, com diâmetros que variam entre dois e quatro metros, são colocadas no fundo do mar. Essas estruturas funcionam como sistemas de armazenamento de energia baseados em ar comprimido.

O processo acontece em duas etapas:

  1. Armazenamento de energia: quando há excedente de geração de energia renovável, como nos horários de pico de produção solar, essa energia é usada para bombear água para fora das esferas e comprimir o ar dentro delas.

  2. Geração de energia: quando há demanda por energia, a água do mar entra nas esferas, forçando o ar comprimido a passar por turbinas que geram eletricidade.

Esse sistema aproveita a profundidade do oceano para criar a pressão necessária ao funcionamento eficiente da turbina, tornando o processo limpo, silencioso e altamente durável.

Vantagens dessa tecnologia

As baterias subaquáticas de esferas de concreto oferecem diversas vantagens em relação aos sistemas tradicionais de armazenamento de energia, como baterias de íon-lítio:

  • Sustentabilidade: o concreto é um material amplamente disponível e reciclável. A estrutura não utiliza metais pesados nem produtos químicos tóxicos.

  • Baixo impacto ambiental: como ficam submersas no fundo do mar, as esferas não ocupam espaço em terra firme e não impactam significativamente o ecossistema marinho.

  • Durabilidade: sistemas subaquáticos sofrem menos desgaste físico e podem durar décadas com manutenção mínima.

  • Custo competitivo: embora a instalação inicial tenha custos elevados, os baixos custos de manutenção e operação tornam o sistema economicamente viável a longo prazo.

Testes em andamento na Califórnia

O projeto está em fase de testes na costa da Califórnia, liderado por pesquisadores e engenheiros do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) em parceria com empresas de energia renovável. Segundo os responsáveis pelo projeto, os testes iniciais têm mostrado resultados promissores, com capacidade de armazenamento consistente e rendimento acima das expectativas.

A profundidade do oceano ao longo da costa californiana oferece condições ideais para a implantação da tecnologia, com áreas que ultrapassam 500 metros de profundidade a poucos quilômetros da costa. Essa profundidade é crucial para maximizar a eficiência da compressão do ar e, consequentemente, da geração de energia.

Alternativa ao armazenamento tradicional

O armazenamento de energia é um dos maiores desafios da transição energética global. Fontes renováveis, como a solar e a eólica, são intermitentes — ou seja, não geram energia de forma constante. É aí que entram as baterias.

Hoje, a maioria do armazenamento em larga escala depende de baterias químicas, que apresentam limitações como:

  • vida útil relativamente curta (cerca de 10 anos);

  • riscos ambientais associados ao descarte de metais pesados;

  • dependência de matérias-primas como lítio e cobalto, cuja extração gera impactos ambientais e sociais.

Nesse cenário, as esferas subaquáticas de concreto surgem como uma alternativa viável, limpa e escalável para complementar o uso de baterias químicas ou até mesmo substituí-las em algumas aplicações.

Possibilidades de expansão global

A versatilidade da tecnologia permite que ela seja aplicada em diversas regiões do mundo, desde que haja profundidade oceânica suficiente e infraestrutura para conectar o sistema à rede elétrica.

Além das costas da Califórnia, outras áreas com grande potencial incluem:

  • Mar do Norte (Europa);

  • Costa do Japão;

  • Austrália;

  • América do Sul (principalmente Chile e Brasil, em regiões mais profundas).

A implantação da tecnologia também pode contribuir para o desenvolvimento de comunidades litorâneas isoladas, que frequentemente enfrentam desafios relacionados ao fornecimento estável de energia elétrica.

Obstáculos e próximos passos

Embora promissora, a tecnologia ainda precisa superar alguns desafios antes de ser adotada em larga escala:

  • Infraestrutura submarina: requer tecnologia robusta para instalação e manutenção subaquática.

  • Custos iniciais: o investimento para iniciar o sistema ainda é alto, mas tende a diminuir com a escalabilidade.

  • Regulação ambiental: é necessário garantir que o impacto sobre os ecossistemas marinhos continue mínimo e seja devidamente monitorado.

O próximo passo dos pesquisadores é ampliar os testes, incluindo variações de profundidade, diferentes tipos de turbinas e o uso de novos materiais mais leves ou mais resistentes. Caso os resultados continuem positivos, a previsão é que os primeiros sistemas comerciais entrem em operação até o fim desta década.

Um futuro mais sustentável

O desenvolvimento de tecnologias de armazenamento de energia é essencial para garantir o sucesso da transição energética global. À medida que o mundo busca soluções sustentáveis, a inovação desempenha um papel central.

As esferas de concreto submersas representam mais do que uma curiosidade científica: elas podem se tornar uma peça fundamental na construção de um sistema energético mais resiliente, acessível e com menor impacto ambiental.

Com testes avançados e resultados promissores, essa tecnologia tem tudo para ajudar a enfrentar um dos maiores desafios da atualidade: armazenar energia de forma eficiente, limpa e sustentável.

Fonte: MIT News

Foto de x.com/HOCHTIEF_AG

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